Um dia alguém me perguntou:
- Onde é que está Portugal ?
Olhei para o mapa . . .
Fixei os olhos nesse bocado de terra
junto a Espanha.
Atravessei o oceano . . .
Passei pela Madeira e pelos Açores.
Nesse mesmo instante me lembrei
dos nossos navegadores.
Lembrei-me de Cabo Verde
e de São Tomé e Príncipe.
Ouvi dos nossos marinheiros a sua voz.
Recordei a Guiné e os Bijagós
e muitos mais lugares que aprendi na escola.
Veio-me à memória Moçambique e Angola
e a epopeia duma época gloriosa
e de um mapa cor-de -rosa.
Pensei no dobrar dum cabo
que julgavam do mar o fim
para irem à procura da canela e do marfim.
Pensei em Goa, Damão e Diu,
e que até demos de presente Bombaím.
Vi entre outras ilhas
uma chamada Timor,
onde as suas maravilhas
foram transformadas em dor.
Vi Malaca e Ceilão,
Vi um Macau distanciado
e um Japão onde pão é "pã".
e a camélia é uma rosa.
Até Taiwan era Formosa.
Atravessei o Pacífico azul anil.
E toquei as Américas distantes.
Adorando o mar, e tendo-lhe respeito
sulquei como as caravelas o estreito,
e fui terra em dentro,
à busca do ouro como os bandeirantes.
Era o Brasil.
Havia dado a volta ao mundo
e estava do outro lado.
E, pensei : - Realmente !
Se mais mundo houvesse
lá teria chegado a nossa gente.
E depois desse esforço titânico
até senti nos lábios o sabor do Atlântico.
Envolto em meu pensamento
não dei pelo passar do tempo.
E, quando me perguntou outra vez:
- Mas, afinal . . .
Onde é que está Portugal ?
Olhei para ele e sorri,
e em alta voz respondi:
- Onde quer que esteja um Português.
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