12 July 2011

De Bruxelas para Londres.

Ele faz hoje um ano, mas eu sinto que o conheço de toda a vida. É incrível como há pessoas que, mesmo antes de nascerem, já são um bocadinho de nós.

Para o meu afilhado, a vida é simples. A maior referência dele é a árvore à porta de casa. Do carrinho encarnado, olha sempre para cima para ver as folhas verdes. E sorri.

Já viajou mais do que muitos portugueses. Tem seis dentes. Gatinha à velocidade da luz e dá gargalhadas como gente crescida.

O meu afilhado vive em Londres e eu vivo em Bruxelas. Vemo-nos uma vez por mês, eu canto-lhe sempre a mesma música. Na verdade, tenho medo que ele se esqueça de mim.

Meu querido, a tua casa é o mundo. E quando a nossa casa é o mundo, não há lareira mais quente do que a da nossa família.

Quando fores crescido vais perceber que mesmo estando longe dos teus primos, tios e avós tens em ti a riqueza de quem conhece outras coisas, outros mundos, outras folhas de árvores. E que há lareiras que estão sempre acesas, à nossa espera.

Para ti, hoje especialmente: cucu, cucu, cucucurucucu.

3 comments:

  1. Mais um texto belíssimo, obrigada!

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  2. É realmente difícil resistir uma lágrima...

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  3. Rosarinho, isto não se faz! puseste-me com uma lágrima ao canto do olho...muito bom, o Dinis ainda não percebe a madrinha que tem mas o tempo ensina-lhe.
    beijo grande,
    Miguel V

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